quinta-feira, 11 de junho de 2009

2. Sobre a minha experiência como educadora


Terminei o curso de Letras em agosto 2004. Em outubro “peguei” as minhas primeiras aulas. Um contrato de apenas 10 dias, no Ensino Médio.

Até então, minha prática como professora de Português resumia-se ao meu estágio curricular, do qual eu gostei muito, e foi muito significativo para mim.

O estágio era apenas nos dois últimos períodos (não sei se mudou). E quando chegou a hora de fazê-lo, busquei em várias escolas. No penúltimo período, quando eu já havia conseguido numa escola próximo à minha casa, surgiu um que eu não poderia recusar: no Colégio Tiradentes, onde estudei durante o Ensino Fundamental. Foi muito emocionante reencontrar meus professores, e passar o recreio na sala deles. E também “minha”.

Depois desse contrato numa escola estadual, tive o privilégio de trabalhar no município, durante o ano de 2005 com a EJA. Os seis primeiros meses são inesquecíveis, porque foram desafiadores.

Era uma turma com muitas pessoas mais velhas do que eu, e por isso, desacreditavam de mim. Sempre encontravam um mínimo motivo para reclamarem à supervisora. E ela, toda semana me chamava a sua sala para dizer o que os alunos lhe tinham dito.

Isso durou uns dois meses, até que um dia eu respondi que havia cansado de tentar mudar, de querer agradar. Que a partir daquele dia seria do meu jeito, porque eu não conseguiria nunca atender às exigências dos alunos, e que eles teriam que se adaptar.

Saí da sala dela e fui direto a deles, e disse que eu estava ciente de todas as suas reclamações, que já tinha tentado me adequar a elas, mas sabia que nada que eu fizesse ou deixasse de fazer, iria agradá-los. Então, eles teriam que me aceitar como eu era. E mais, eles não precisavam gostar de mim, serem meus amigos. Apenas me respeitarem e cumprirem as minhas recomendações. Ter relacionamento de professora e alunos.

Foi um espanto geral da parte deles. E com o passar do tempo, meu espanto. Percebi que eles se achavam os poderosos, e queriam me manipular. Quando perceberam que eu era indiferente a amizade deles, começaram a se abrir, e me aceitaram.

É bom relembrar dessa turma agora. Como tenho saudade! E como chorei quando acabou o semestre. Até hoje nos encontramos e há muito carinho entre nós. Eles sempre falam como fui importante na vida deles. E que sempre se lembram de mim nos concursos.

Depois disso, trabalhei de novo em escolas estaduais, e sou efetiva no município há dois anos.

Tenho aprendido com cada turma que tenho. Tenho feito amigos, e tem valido a pena. Passei por uma fase de muitas mudanças de escola. Sempre recomeçando. E buscando encontrar meu espaço.

Os desafios vão variando. Vez ou outra um volta. Salas indisciplinadas. Alunos desinteressados. Alunos muito agitados. Colegas que não recebem bem. Os piores horários que sobram para quem chega por último. Ser novata na escola. Aprender ser mais prática. Muitas exigências. Falta de tempo...

Ainda bem que desafios aparecem. Porque é através deles que vou sendo moldada, e criam marcos na minha história, para os quais sempre volto a olhar. Ou para perceber o quanto tenho evoluído, ou para me dizerem que eu consigo. Eu já passei por isso antes...

E continuo apaixonada!

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